Embora representem cerca de metade da população brasileira, os negros ainda não têm acesso igual aos serviços de saúde no país. Em decorrência disso, doenças como a aids atingem este grupo com mais força. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2000 e 2009, o número de casos de aids, quando analisado apenas nos brancos, caiu de 62,9% para 54,8% (entre os homens) e de 60% para 53,1% (entre as mulheres). Já entre os homens negros, o número diminui apenas de 10,1% para 9,8%. Em relação às mulheres afrodescendentes, o índice subiu de 11,5% para 13,2% neste mesmo período.
O número de casos de aids entre a população parda também cresceu. Em 2000, os homens somavam 25,7% dos casos notificados e as mulheres 27,4%. Em 2009, o índice entre os homens chegou a 35% e entre as mulheres a 33%.
Um Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2009/2010, organizado pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser), do Instituto de Economia da Universidade do Rio de Janeiro (IE-UFRJ), mostrou que em todas as grandes regiões geográficas agrupadas do País essas populações gozam de menor taxa de cobertura do Sistema Único de Saúde do que a população branca e que o número de óbitos em decorrência da aids chega a ser quase 10% maior do que em brancos.
Os números acompanham baixas taxas de acesso à educação e um grande percentual de empregos informais. Os negros também são vítimas do chamado racismo institucional, que se constitui quando um serviço público discrimina o grupo, dificultando o acesso a seus direitos como saúde, educação e moradia. A vulnerabilidade social dos negros os deixa mais vulneráveis à infecção e ao adoecimento pelo HIV, conforme comprovado por inúmeras pesquisas.
Cientes do problema histórico, o Movimento Negro pede por ações de equidade que diminuam sua vulnerabilidade e o baixo acesso do grupo a serviços essenciais. Entre as ações defendidas estão as cotas raciais para as universidades e o fim do racismo institucional. . “É preciso visibilizar o racismo. Escondê-lo é o próprio racismo. Disseminar a informação é fundamental”, disse Jurema Werneck, médica focada na saúde da população negra, durante os Congressos de Prevção de DST/Aids ocorridos em São Paulo em agosto de 2012. Segundo ela, a epidemia da aids não trouxe exatamente novidades na trajetória dos negros. Mas se nada na epidemia foi novo para a população, o que precisaria ser novidade é o tratamento destinado a ela.
Ação preventiva para os negros em São Paulo
No dia 20 de novembro, em que se comemora o Dia da Consciência Negra, o Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo, em parceria com a Secretaria Estadual de Cultura e o Parque da Juventude, realizará ação de prevenção no Parque da Juventude (ao lado da estação Carandirú do metrô). Serão distribuídos insumos de prevenção e materiais informativos, entre as 11h e 16h30min. Participarão da ação profissionais e agentes de prevenção do Programa Municipal e da Rede Municipal Especializada em DST/Aids.
O Projeto Xirê também estará presente no evento e realizará uma roda de conversa para debater sobre a importância da data.
Dia da Consciência Negra
O Dia Nacional da Consciência Negra é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A semana dentro da qual está esse dia recebe o nome de Semana da Consciência Negra. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. O Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte de africanos para o solo brasileiro (1594).
Fonte: Redação da Agência de Notícias da Aids
terça-feira, 20 de novembro de 2012 -
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Negros ainda estão mais vulneráveis ao HIV e são alvo de campanha
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