A revista "Nature", uma das principais publicações científicas do mundo, destaca na edição desta quinta-feira, 1º de dezembro, dia mundial do combate à Aids, uma nova arma contra o contágio do HIV.
Ela se chama imunoprofilaxia vetorizada (VIP, na sigla em inglês) e se oferece como uma opção mais viável que a vacina, depois de conseguir bons resultados nos testes em camundongos.
“A VIP tem um efeito similar ao da vacina, mas sem induzir o sistema imunológico a fazer o trabalho”, diz Alejandro Balazs, autor do estudo do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos EUA.
“Normalmente, você põe um antígeno ou uma bactéria morta, ou outra coisa dentro do corpo, e o sistema imunológico descobre como produzir um anticorpo contra ela. Nós tiramos toda essa parte da equação”, completa o pesquisador.
Um dos grandes desafios do desenvolvimento da vacina contra a Aids é inserir um agente que seja forte o suficiente para provocar uma resposta do sistema imunológico, mas que, ao mesmo tempo, não cause a doença. Por isso mesmo, ainda não existe uma vacina aprovada.Com isso, o sistema imunológico dos animais passou a produzir os anticorpos desejados – contra o HIV. Em seguida, os cientistas injetaram o HIV no sangue dos camundongos e, mesmo com altas doses, eles se tornaram resistentes ao vírus.Nessa pesquisa, os cientistas resolveram ensinar o corpo a produzir os anticorpos a partir da engenharia genética. Com ajuda do AAV, um vírus pequeno e inofensivo, eles introduziram nos músculos da perna de camundongos um gene capaz de especificar a produção de anticorpos.
Normalmente, camundongos não sofrem com o HIV, mas os animais dessa experiência receberam células humanas sensíveis ao vírus, de modo que seria possível determinar uma infecção, caso ela ocorresse.
Um grande 'se'
Apesar dos bons resultados, os pesquisadores ressaltam que não encontraram nenhuma cura ainda. “Se os humanos forem como os camundongos, então criamos uma maneira de proteger contra a transmissão do HIV de pessoa para pessoa. Mas esse é um grande ‘se’, e então o próximo passo é tentar descobrir se humanos se comportam como camundongos”, diz David Baltimore, chefe do laboratório, que traz no currículo o Nobel de Fisiologia e Medicina de 1975.